No início de 2024, a Bahia enfrentou uma epidemia de dengue que, até 30 de março, atingiu 285 municípios, incluindo Salvador. Segundo a Diretoria de Vigilância da Secretaria Estadual da Saúde (Divep/Sesab), o estado registrou um aumento de 667% em casos de dengue, em comparação com o mesmo período de 2023.
Por outro lado, durante o verão, Salvador conseguiu uma redução de mais de 50% nos casos confirmados, em relação ao ano anterior. Entre janeiro e setembro deste ano, foram confirmados 1.633 casos de dengue, 127 de chikugunya e 71 de zika na capital baiana. Em março, as regiões que registraram mais casos ou suspeitas de dengue foram Cabula, Subúrbio Ferroviário, Barra/Rio Vermelho, São Caetano/Valéria e Itapuã, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Para seguir com a contenção do aumento dos casos, a SMS lançou a campanha “Verão sem Mosquito”, com o objetivo de mitigar os impactos da estação mais propensa ao desenvolvimento da doença viral.
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A coordenadora do Centro de Controle de Zoonoses, Isolina Miguez, explicou que a campanha é realizada todos os anos, antes e após o verão, já que a estação é considerada mais propícia à proliferação do mosquito aedes aegypti, vetor responsável por dengue, zika e chikungunya.
“O verão é o período mais propício devido às chuvas espaçadas durante a estação. Isso alimenta os criadouros dos mosquitos, além do calor e da umidade”, explicou Isolina.
MEDIDAS DE PREVENÇÃO
Ainda segundo a coordenadora, como parte das medidas de prevenção contra a dengue, são realizadas inspeções antes de eventos com grande circulação de pessoas e em locais estratégicos como colégios eleitorais, que foram vistoriados antes do primeiro turno das eleições, no último domingo (6/10).
“Esse ano, o plano teve início em setembro, devido ao período eleitoral. De agora em diante, toda vez que houver aumento na circulação de pessoas, vai ser feita uma inspeção prévia para que nós possamos garantir um ambiente livre do mosquito”, disse.
Isolina Miguez também destacou as atividades de controle da campanha realizadas por agentes do CCZ em pontos estratégicos, como reciclagens, ferros velhos e borracharias: “O Centro de Controle de Zoonoses também estará em repartições públicas de 21 a 25 de outubro, e faremos inspeções com aplicação de inseticida residual (produto que pode ser pulverizado em paredes ou outras superfícies, deixando uma certa quantidade por metro quadrado) em cemitérios públicos e particulares, de 14 de outubro até 1° de novembro”, explicou.
AÇÕES DE CONSCIENTIZAÇÃO
Vale destacar também as medidas de prevenção que a população deve ter em suas residências, principalmente não manter água parada: “A população precisa observar que qualquer objeto que acumule água pode se tornar um criadouro para o mosquito. Aquele pote de manteiga ou margarina que é jogado fora pode acumular água. A dica continua sendo essa: qualquer coisa que acumule água deve ser eliminada para que não se torne um criadouro”, completou Isolina.
Caso não seja possível eliminar o objeto ou espaço que acumule água, ele pode ser tratado, com intervenção dos agentes de combate a endemias do Centro de Controle de Zoonozes.
DOENÇA
De acordo com a definição do Ministério da Saúde, a dengue é uma doença febril aguda, transmitida no Brasil pelo mosquito fêmea do Aedes Aegypti. Seus principais sintomas incluem febre, dores no corpo, dor de cabeça, dores nas articulações e erupções cutâneas. Em casos mais graves, pode levar a um quadro hemorrágico.
O infectologista e consultor técnico do Sabin Diagnóstico e Saúde, Claudilson Bastos, falou sobre o principal sintoma que deve ser observado ao contrair dengue: “Em relação às manifestações clínicas, se você tem dengue, tem que se preocupar com risco de sangramento porque, eventualmente, pode acontecer a dengue grave (caso hemorrágico)”, explica.
Sobre a prevenção, o infectologista alerta que, além de evitar o acúmulo de água parada, é importante cobrir adequadamente as caixas d’água e tratar as piscinas para evitar que virem criadouros do mosquito, além de salientar a importância do uso de repelentes.
VACINA
A vacina contra a dengue foi incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) em 21 de dezembro de 2023 e incluída oficialmente no calendário de vacinação em fevereiro deste ano. A faixa etária recomendada pelo Ministério da Saúde para 2024 é de 10 a 14 anos, sendo esta a idade que mais concentra hospitalizações por dengue, depois dos idosos.
O infectologista Claudilson ressalta que a vacinação contra a dengue tem uma eficácia acima dos 90% para diminuir os riscos de hospitalização e mortalidade. “É importante que a pessoa tenha a devida consciência de tomar a vacina, principalmente em situações de grande exposição. A vacina pode ser de vírus vivo atenuado. Então, assim como a vacina de sarampo, varicela e outras, ela não pode ser dada para gestantes nem pessoas imunossuprimidas”, ressaltou.
A população que vive em áreas de exposição maior aos criadouros do mosquito deve adotar cuidados extras, como o uso de telas nas janelas e a desobstrução de calhas, lajes e ralos.