Desde 2014, o Brasil aderiu a campanha do “Setembro Amarelo”. A campanha tem como foco o cuidado de pessoas que podem ser potenciais suicidas. Durante este período, são feitas várias campanhas de prevenção e de defesa da vida.
A taxa de suicídio no Brasil é alta e este é um assunto pouco falado. É um problema que é possível prevenir se as pessoas forem tratadas adequadamente. De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), de janeiro a junho de 2016, 173 pessoas cometeram suicídio na Bahia.
No último levantamento feito pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), cujo nome dado foi “Mapa da Violência – Os Jovens do Brasil”, a Bahia teve um preocupante aumento de 104,2% no número de suicídios, entre os anos de 2002 e 2012. Neste período, o número de suicídios aumentou de 233 para 476, em números absolutos.
Para falar mais deste período e deste projeto, o Varela Notícias entrevistou a psicóloga Olívia Valente. Segundo ela, é importante notar o comportamento das pessoas que estão mais próximas ou até o seu mesmo. Caso haja algo alterado, um especialista deve ser consultado o quanto antes. Desta forma, uma vida pode ser salva.
VN: Qualquer pessoa pode ser considerada um potencial suicida?
Olívia: Não. Mas toda gente pode desenvolver uma quadro psicopatológico. E um agravamento, por exemplo, de um quadro depressivo pode levar o indivíduo ao isolamento e apresentar ideação suicida. Também não devemos desconsiderar as pessoas que vivem falando que “quero sumir” e “quero morrer”. Deve se prestar atenção a todos os sinais e não achar que o fato de nunca ter havido a tentativa de suicídio, que nunca vai haver.
VN: O suicídio muitas vezes é relacionado com a depressão. Existem outras patologias ou razões para o suicídio?
Olívia: Há uma correlação entre o suicídio e transtornos mentais. Mais de 90% das pessoas que cometeram suicídio apresentavam diagnóstico psiquiátrico. O mais conhecido é a depressão, porém o suicídio se relaciona também com transtornos de personalidade, esquizofrenia, outros transtornos psicóticos, transtorno por uso de substâncias.
VN: Se alguém percebe que uma pessoa próxima cogita o suicídio, qual o comportamento que se deve ter?
Olívia: Não deixá-la sozinha, desamparada. Ouvi-la. É importante também levá-la a um profissional de saúde para orientação. Também é importante retirar o acesso a medicamentos, armas e instrumentos cortantes.
VN: No momento em que a pessoa está a tentar o suicídio, existe um comportamento padrão para dissuadir a pessoa?
Olívia: Não existem padrões para situações de extremo. Nós devemos buscar diálogo e pessoas de referência. Apoio familiar é fundamental. E nunca deixá-la sozinha.