Preparar litros de chá, colocar na geladeira e tomar durante o dia, substituindo a água. Receitas não faltam na Internet que prometem a cura de várias doenças crônicas, como obesidade, hipertensão, diabetes. Quem adere a esse modismo, coloca a saúde em risco, como orienta a líder do Laboratório do Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba), farmacêutica Arabela Leal. Ela explica que “chá não deve substituir a água porque o uso excessivo pode causar problemas, já que as substâncias usadas no preparo também tem algum grau de toxicidade”.
Um paciente renal, por exemplo, nem água pode beber além da quantidade determinada pelo médico. Mas por influência dos poderes milagrosos dos chás, se ele fizer uso excessivo,terá problemas. Arabela reconhece a importância dos chás, principalmente os que já foram largamente estudados, mas precisam ser usados com orientação médica ou do farmacêutico. Além de fazerem parte da cultura popular, os chás, também são de mais baixo custo que os medicamentos fatores que contribuem para o seu largo uso”, pontua.
Misturas são perigosas
É muito importante, segundo explicou Arabela Leal, que o paciente converse com o médico sobre o uso de chás, principalmente para saber a interação do chá com a medicações. O chá também não deve ser usado por tempo indeterminado e sem controle de quantidade. Outro cuidado é o preparo. No caso das folhas, o processo deve ser infusão, colocando a água fervente, ao contrário das raízes que devem ser levadas ao fogo.
O mercado hoje oferece uma grande variedade de chás. É preciso muito cuidado – adverte Arabela Leal – com o uso de chás que reúnem várias ervas: dez, 20 até 30. Como essas ervas reunidas interagem? Quais os efeitos no organismo?
Entre os pacientes com diabetes é muito frequente o uso da folha Cisssus sicyoides L, conhecida como insulina vegetal. Trata-se de uma planta ornamental de rápido crescimento que apresenta folhas verdes escuro e frutos pretos. A insulina vegetal é usada na medicina popular brasileira para o tratamento tratamento de diabetes e também do reumatismo, epilepsia, acidente vascular cerebral
Respeito à cultura
Como o trabalho do Cedeba respeita os valores culturais dos pacientes, o uso de chás é discutido nos grupos de trabalho, como no Doce Conviver, que trabalha com diabéticos e possibilita a troca de conhecimentos entre os participantes, com o foco no auto-cuidado.
Segundo Simone Matos, assistente social do Doce Conviver, os pacientes diabéticos trazem muitas receitas de chás que usam folhas, frutos e legumes para o tratamento do diabetes. Além da insulina vegetal, eles fazem relatos da infusão do quiabo, chá de pepino, e quioiô, também usado para a redução do colesterol.
Os pacientes são orientados sobre a necessidade do uso dos medicamentos prescritos pelo médico e a consultá-lo sobre a interação dos chás com os remédios.Também recebem informações sobre o risco do uso excessivo de chás que podem causar desequilíbrio no organismo.
Muitas vezes, de acordo com a experiência de Simone Matos, no Doce Conviver, os pacientes com diabetes usam preparados de ervas com o nome de garrafada ,sem saber os ingredientes que foram usados.Mas os riscos do uso indiscriminado de folhas e ervas não se limita aos chás. No caso dos diabéticos, a utilização de folhas para cura de ferimentos, no caso do pé diabético é perigoso, diante da possibilidade de contaminação, agravando o ferimento.