A vacinação contra o HPV, vírus associado a mais de 90% dos casos de câncer de colo do útero, passará por mudanças no Sistema Único de Saúde (SUS), conforme divulgado nesta terça-feira (2/4). A ministra da Saúde, Nísia Trindade, informou que o novo esquema de vacinação não mais contemplará a dose única, mas sim um esquema que inclui doses adicionais.
A vacina utilizada continuará sendo a dose quadrivalente produzida pelo Instituto Butantan, que protege contra quatro subtipos de HPV associados ao câncer de colo de útero. O diretor do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, Eder Gatti, esclareceu que as pessoas que já receberam uma dose da vacina estão plenamente protegidas e não necessitarão de uma segunda dose.
O novo esquema de vacinação no SUS será direcionado para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos. No caso de imunossuprimidos e vítimas de violência sexual, que também têm acesso à vacina na rede pública, o esquema de vacinação anterior (até três doses) continuará sendo aplicado.
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De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a adoção do esquema de dose única para a faixa etária de 9 a 20 anos pode contribuir para o aumento da cobertura vacinal, ampliação do público-alvo e facilitação da introdução da vacina contra o HPV em programas de imunização em países de média e baixa renda. No entanto, no Brasil, a adesão à vacinação contra o HPV segue abaixo da meta estabelecida.
Um dos principais desafios identificados é a baixa adesão à vacina, mesmo após uma década de disponibilidade pelo SUS. Esta situação se reflete no aumento dos casos de câncer de colo de útero em mulheres que possuem a faixa etária ideal para a imunização, mas não foram vacinadas. A ministra da Saúde atribui essa baixa adesão à desinformação, presença de tabus e falta de educação sexual no país.
O HPV é responsável por 99% dos casos de câncer de colo de útero, sendo o terceiro mais comum entre as mulheres no Brasil. Além disso, o vírus também está relacionado a tumores de pele não melanoma. Atualmente, o câncer do colo de útero é considerado passível de erradicação por meio da vacinação, rastreamento e tratamento das lesões.
No último domingo (31/3), a apresentadora Ana Maria Braga revelou, em entrevista ao programa “Fantástico” da TV Globo, detalhes sobre seu segundo diagnóstico de câncer, que tem relação com o HPV. Em 2001, quando descobriu a doença pela primeira vez, a apresentadora destacou a falta de informação sobre o vírus naquela época. Ela também enfatizou a importância de encarar a sexualidade de forma natural e sem culpa.
O Brasil segue empenhado em combater o câncer de colo de útero por meio da vacinação contra o HPV. Com as alterações no esquema de vacinação no SUS, espera-se uma maior cobertura vacinal e consequente redução nos casos da doença. A conscientização da população sobre a importância da vacinação e a disseminação de informações corretas sobre o HPV são fundamentais para o sucesso dessa iniciativa.