Sobe preço da aposta mínima da Quina, Mega-Sena e Lotofácil

Por Redação
7 Min

Segundo a Caixa Econômica, em 2013, só a Mega-Sena arrecadou mais de R$ 11,4 bilhões, R$ 4 bilhões a mais que em 2009

Sonhar não custa nada. Mas para quem quer ganhar uma bolada na loteria o sonho não só tem preço, como vai subir neste fim de semana: hoje é o último dia para tentar ganhar a Mega-Sena gastando apenas R$  2. Já nesse sábado, o valor mínimo da aposta da Lotofácil passa de R$ 1,25 para R$ 1,50. Mega e Quina aumentam no domingo: para R$  2,50, e de R$ 0,75 para R$ 1, respectivamente.

A mudança ainda não intimidou os apostadores. “Vou continuar gastando o que eu já gastava antes, só vai diminuir o número de jogos. O troco que sobrava das contas vai ter que ser maior”, conta Jaldemir Cuzrt, 70 anos.

Edvaldo Barreto disse que se ganhar hoje vai comprar um presente especial para a mulher de Dia das Mães (Foto: Betto Jr
Edvaldo Barreto disse que se ganhar hoje vai comprar um presente especial para a mulher de Dia das Mães (Foto: Betto Jr)

Quem também não vai deixar de jogar é Ângela Maria dos Santos, que uma vez acertou a quina da Mega e conseguiu comprar um fogão e uma geladeira. Por isso, toda semana faz uma ‘fezinha’. “Diminuí o número de jogos, mas vou continuar apostando o de sempre, cerca de R$ 10”.

Segundo a Caixa Econômica, ainda não é possível afirmar se o aumento do preço mínimo das apostas vai implicar também no aumento dos prêmios, já que o valor é proporcional às vendas, por isso o valor dos prêmios “dependerá do comportamento dos apostadores diante dos novos preços”.

Confiança
Gildo Lemos, dono da lotérica Santa Cruz, na Piedade, está confiante e acredita que o movimento não irá cair. “Jogo é jogo e só ganha quem aposta. Eu acredito que o movimento vai até aumentar, só que de apostadores de prêmio acumulado, porque como o preço vai subir, menos gente vai apostar, mas o prêmio vai subir. Então quem fizer o jogo vai ter mais chance de ganhar do que antes”, teoriza. Há 45 anos no ramo, Gildo conta que o maior prêmio que já saiu na sua lotérica foi de R$ 1,3 milhão. “Aqui sai toda semana. Ontem saiu R$ 5 mil. Eu mesmo ganho sempre, R$ 25, R$ 30”, conta,  sem revelar seu segredo.

Jonas de Jesus é um dos que apostam só quando o prêmio acumula, e que também acredita que com o aumento do preço a concorrência vai baixar. “Costumo jogar duas vezes por semana, e já ganhei alguns prêmios, mas quem ganha mesmo é o governo”.

Segundo a Caixa Econômica, em 2013, só a Mega-Sena arrecadou mais de R$ 11,4 bilhões, R$ 4 bilhões a mais que em 2009.

O governo federal recebe 51% do total, e repassa para o Fundo Nacional de Cultura (3%) e Comitê Olímpico Brasileiro (1,7%), sendo 13,8% para o Imposto de Renda. Outra parte das apostas vai para as lotéricas, que recebem 13% das vendas de loterias intantâneas, e 5% das loterias federais, como Quina e Lotofácil.

Já o valor do prêmio é líquido, com todos os impostos descontados. Por exemplo: do total arrecadado na Mega-Sena, apenas 46% vira prêmio, que é dividido da seguinte forma: 35% para quem acertar seis dezenas, 20% para a quina, 20% para a quadra, e os 25% restantes ficam acumulados para concursos de final zero e cinco. Quem acertar prêmios de até R$ 800 pode retirar o valor em qualquer lotérica. Quem ganhar acima desse valor deve comparecer a uma agência da Caixa com o bilhete premiado, RG e CPF.

Na véspera do aumento e do Dia das Mães, apostadores ouvidos pela reportagem do CORREIO diziam querer agradar as mulheres, como Edvaldo Barreto, 71 anos, que foi na lotérica do Campo Santo. “Quero ganhar, ajudar a minha família e comprar um presente bem lindo para minha mulher, que também é mãe e avó”.

Jogos de aposta movimentam R$ 19 bi por ano no Brasil
A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC),  da Câmara dos Deputados, realizou uma audiência pública,  no fim de março, para discutir a regularização dos jogos de aposta  em dinheiro no Brasil. Segundo dados do Instituto Brasileiro Jogo Legal, os jogos  – entre eles a loteria federal -arrecadam mais de R$ 12 bilhões por ano. A estimativa é que os jogos ilegais ultrapassem os R$ 19 bilhões no mesmo período – só o jogo do bicho arrecadaria R$ 1 bilhão a mais que a loteria federal.

O debate foi um pedido do deputado Vanderlei Siraque (PT-SP), que pretende organizar uma Frente Parlamentar em Defesa do Jogo Legal e criar uma agência reguladora nacional para a cobrança de tributos. Segundo a  Agência Câmara, existem cerca de 350 mil pontos de venda de jogo do bicho, proibido no Brasil desde 1895 e criminalizado em 1946, que paga em média prêmios duas vezes maiores que as loterias da Caixa.

 Já os bingos foram considerados ilegais em 2000, mas a determinação para que os estabelecimentos fechassem só ganhou força em 2004. A legalização havia ocorrido dez anos antes, com a autorização da Lei Zico, criada para incentivar o esporte, destinando parte da arrecadação para clubes e federações.

Com a expansão do acesso à internet no Brasil, o número de apostas online também cresceu, e no último ano elas movimentaram cerca de R$ 2 bilhões. Um dos jogos mais populares é o pôquer. Atualmente, dos 193 países que fazem parte da Organização das Nações Unidas (ONU),  75% deles permitem jogos com apostas em dinheiro.

Correio*

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